Saiba tudo sobre este mineral revolucionário

Leia mais


Contato

Regras do Blog

Para se comunicar com a equipe do Blog Amianto Crisotila por favor envie e-mail utilizando nossa ferramenta de contato acima.

Nosso compromisso em levar informação de credibilidade sobre essa fibra natural vai além desse espaço físico.

Receba nossa newsletter

Limite Seguro*


Contrariamente àqueles que propugnam o banimento do amianto em virtude das constatações médicas dos riscos à saúde humana, existe uma corrente de pesquisadores e estudiosos que se posiciona no sentido de ser possível a fixação de limites seguros para a utilização do mineral com a adoção, inclusive, de medidas preventivas de ordem coletiva que não exponham os trabalhadores aos riscos da fibra.

A higienista ocupacional Irene Ferreira de Souza Duarte Saaad, integrante dessa corrente, sustenta que a presença de uma substância química em uma listagem de carcinogênicos não significa a necessidade de seu banimento. “O reconhecimento da carcinogenicidade obriga buscar o nível seguro de exposição para evitar o surgimento do câncer. Exige um aprofundamento dos estudos e um excelente controle da exposição. E foi isso que ocorreu com os asbesto”, alerta. Para embasar seus argumentos, a higienista explica que o reconhecimento da carcinogenicidade  é feito apenas com base na toxicidade ou perigo que a substância oferece.

“A toxicidade (perigo) é a capacidade que uma substância tem de produzir um efeito. Depende da substância e do organismo sobre o qual está agindo. É imutável, pois se trata de propriedade intrínseca de um produto químico. Já o risco é a probabilidade de uma substância produzir esse efeito. Depende da substância, do organismo e, sobretudo do meio ambiente e da forma de utilização. O risco está relacionado com a exposição (concentração e tempo) e pode ser controlado”, afirma.

De acordo com a higienista, o item 9.3.1 do Criteria 203 da Organização Mundial da Saúde estabelece que “há uma relação dose-resposta para todas as doenças relacionadas com o crisotila. A redução da exposição pela introdução de medidas de controle deve diminuir significativamente os riscos”. Conforme a pesquisadora, isso significa que, diminuindo a dose, diminui-se a incidência de câncer. “ O que nos permite admitir que é possível estabelecer, técnica e cientificamente, um limite seguro para a exposição”, sublinha.


Limites Seguros

A pesquisadora lembra que a ACGIH (American Conference Of Governmental Industrial Hygienists) estabeleceu um limite de exposição considerado seguro para o amianto crisotila. Com base em estudos feitos em diversas partes do mundo, a entidade internacional americana especializada em Higiene Industrial previu um limite de 0,1 fibras/cm³, para fibras respiráveis. 

Segundo a ACGIH o valor recomendado é capaz de prevenir a asbestose e minimizar o risco de câncer de pulmão e de mesotelioma. “Isto quer dizer que se nos locais de trabalho as concentrações de asbesto no ar forem iguais ou inferiores ao limite estabelecido, acredita-se que os trabalhadores não apresentarão estas doenças ao longo de suas vidas, conforme os critérios dessa instituição internacional”, complementa.

Para Irene Saad, o banimento (proibição do uso) e a utilização de forma segura têm basicamente o mesmo objetivo técnico: impedir o aparecimento de efeitos adversos à saúde, ou seja, manter exposição sob controle com base nos conhecimentos técnicos e científicos disponíveis. “A diferença é que o banimento pressupõe o ‘limite zero’ e o uso seguro busca uma exposição controlada, há condições de se fazer um uso seguro dessa substância, desde que sejam adotadas medidas de controle rígidas de caráter coletivo, que mantenham os ambientes dentro dos limites de exposição preconizados pela ACGIH. Além disso, deve ser feito um rigoroso e contínuo acompanhamento das condições dos locais de trabalho e da saúde dos trabalhadores. É fundamental o envolvimento dos trabalhadores nesse processo”, afiança ela.

No caso do asbesto, a especialista lembra que a atuação dos trabalhadores  e de suas entidades sindicais ocorre desde 1989, por meio de pactos coletivos que estabelecem regras complementares e muito mais rígidas, inclusive com a adoção de limites iguais ao da ACGIH, que são bem inferiores aos estabelecidos pela legislação brasileira. 

De acordo com a pesquisadora, atualmente os substitutivos viáveis no Brasil ainda não foram devidamente pesquisados no mundo. "Não sabemos ao certo os efeitos que causarão na saúde dos trabalhadores no futuro, pois a própria OMS (Organização Mundial da Saúde), em seu workshop sobre substitutos do amianto crisotila, os classificam como substâncias com perigo indeterminado, isto é, perigo desconhecido".

Isso significa, para a especialista em Higiene Ocupacional, que não é recomendável, tecnicamente, a substituição de um agente, mesmo que cancerígeno, mas com limite de exposição definido e sobre o qual se tem conhecimento técnico farto - inclusive com viabilidade de controle, por agentes químicos ainda  sem estudos conclusivos que comprovem serem menos nocivos do que o asbesto a longo prazo. 

Ressalta, ainda, que a legislação brasileira não faz restrições, nem estabelece critérios de controle de exposição para grande maioria das substâncias químicas comprovadamente carcinogênicas para o ser humano, limitando-se na maioria das vezes, a garantir, apenas o pagamento de um adicional de insalubridade. Por isso, ela entende que “deva-se priorizar ações no sentido de dar proteção a todos os trabalhadores expostos a agentes carcinogênicos, provendo o país de normas legais tão, ou mais, restritivas e exigentes do que as hoje já existentes para o asbesto”.


*trecho extraído de reportagem da Revista Proteção, edição jan/2013

Postagens populares