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Eternit é destaque na revista Isto É Dinheiro

A edição desta semana da revista Isto É Dinheiro trouxe um vasto material sobre Eternit e a questão do amianto. Na entrevista, Elio Martins, presidente da empresa, tocou em pontos como o não aparecimento de casos de câncer relacionados ao amianto há mais de 30 anos.

Confiram o texto abaixo.

"Há 30 anos não aparecem novos casos de câncer com amianto"

Líder na fabricação de coberturas para a construção civil, durante décadas a Eternit dependeu de uma linha restrita de produtos Líder na fabricação de coberturas para a construção civil, durante décadas a Eternit dependeu de uma linha restrita de produtos. Para complicar, a matéria-prima para todos eles é o amianto, produto que está no índex de ambientalistas e agências de saúde nos quatro cantos do mundo. Inalado em grandes quantidades e por longos períodos, o mineral é um poderoso agente cancerígeno. No Brasil, o emprego do amianto ainda está em discussão na Justiça, algo que é um risco à saúde das finanças da Eternit. Periodicamente, o assunto volta ao noticiário.

Na sexta-feira 18, o Ministério Público do Trabalho de São Paulo ajuizou uma ação civil pública contra a companhia, pedindo uma indenização de R$ 1 bilhão para ex-funcionários da fábrica de Osasco. Isso, porém, não tem assustado investidores como Lírio Parisotto, Luiz Barsi e Victor Adler, que possuem mais de 35% das ações. Para eles, os papéis representam uma oportunidade de auferir dividendos. E, no que depender de Élio Martins, presidente da Eternit, eles vão sorrir mais. Sua meta é dobrar o faturamento em cinco anos, mediante a diversificação do portfólio de produtos. Ele conversou com a DINHEIRO.

DINHEIRO – O Ministério Público da 9a Vara do Trabalho, em São Paulo, ajuizou uma
ação que pode custar R$ 1 bilhão à Eternit, a título de indenização por doenças pelo uso de amianto. Como está essa situação?

ÉLIO MARTINS – Ainda não fomos notificados oficialmente e não temos conhecimento do teor do
questionamento, por isso não posso fazer comentários sobre o assunto. Mas o que temos a dizer, genericamente, é que todos os funcionários do grupo passam por exames periódicos, de acordo com a lei. Com relação aos ex-funcionários de Osasco, montamos um plano que lhes garante acompanhamento e tratamento médico, além de uma compensação financeira caso apresentem algum problema de saúde relacionado ao amianto.

DINHEIRO – O amianto não oferece perigo?
MARTINS – Essa questão vem sendo discutida há tempos. Tivemos audiências públicas no
Supremo Tribunal Federal, nos dias 24 e 31 de agosto de 2012. Nelas foram ouvidos 40 palestrantes, entre médicos, cientistas e entidades, para discutir sobre o banimento ou não do amianto. Quem quer o banimento usa a Europa como exemplo, mas essa comparação não é adequada. Todos os minerais, sem exceção, são tóxicos, até mesmo o ouro. Qualquer mineral pode causar câncer, dependendo do tempo e da quantidade que se respira. A diferença é que, na Europa, os produtos foram elaborados à base de amianto do tipo anfibólio. Ele é 500 vezes mais tóxico que o tipo crisotila, que é o que empregamos no Brasil.

DINHEIRO – A Justiça italiana condenou a 18 anos de prisão o bilionário
suíço Stephan Schmidheiny, ex-dono da Eternit, pela morte de duas mil pessoas na subsidiária italiana. Há correlação entre a empresa da Itália e a Eternit Brasil atualmente?
MARTINS – Não, é uma coincidência de nome causada pelo descobridor do processo, Ludwig Hatscheck, que batizou o fibrocimento como Eternit (NR: Stephan Schmidheiny
controlou a Eternit globalmente, inclusive no Brasil, até vendê-la em 1989). No caso da Itália, houve omissão. Os empregados não utilizaram equipamentos de segurança corretos. Os problemas ocorreram na Europa no pós-guerra. O amianto foi largamente utilizado por ser um isolante térmico que não pega fogo. A Europa foi reconstruída à base de amianto, e o processo mais comum era jatear em paredes. Isso causa uma suspensão no ar de 1.500 fibras por centímetro cúbico, e esse material é inalado. Aqui, nós trabalhamos com a relação de 0,10 fibra por centímetro cúbico, e o processo é feito com filtros e isolamentos. Depois que a rocha é retirada, não há mais contato dos operários com o produto durante o beneficiamento.

DINHEIRO – Não há nenhum risco para o consumidor?
MARTINS – Não existe processo ou pesquisa que prove que pessoas tenham desenvolvido câncer por terem caixa d´água ou telhas de amianto. O que existe são operários que ficaram doentes por terem trabalhado nas fábricas entre 1940 e 1980, quando não se conheciam os riscos e não havia legislação sobre o tema nem equipamentos adequados de proteção. As doenças aparecem entre 15 e 20 anos. Estamos há 30 anos sem registrar novos casos.

DINHEIRO – Os produtos à base de amianto ainda são o carro-chefe da companhia. Como reduzir essa dependência?
MARTINS – Minimizamos essa dependência colocando mais produtosno nosso portfólio. A ideia é ser uma empresa que oferece soluções do piso ao telhado. Queremos aumentar nossas vendas de louças e metais sanitários, por exemplo. Vamos inaugurar uma fábrica de louças no fim do ano e anunciaremos, em breve, uma nova unidade em Manaus, que será a primeira fábrica do grupo na região Norte. Vamos
crescer no mercado de telhas de concreto e metálicas, que não usam amianto. Em cinco anos, queremos que a participação dos novos negócios no resultado cresça dos atuais 20% para 50% das receitas, que deverão aumentar de R$ 1,2 bilhão para R$ 2 bilhões.

DINHEIRO – Quando a Eternit decidiu diversificar sua linha de produtos?
MARTINS – Em 2004. Nesse ano, a francesa Saint-Gobain, dona da concorrente Brasilit e que era nossa sócia desde os anos 1960, deixou a sociedade. Dez anos antes, em 1993, nós havíamos comprado a parte deles na mina de amianto crisotila em Minaçu, em Goiás. Nosso objetivo não é diminuir as atividades com amianto, mas, sim, ampliar a participação dos novos produtos, que não o utilizam, no faturamento. Não é possível aumentar nossa presença no amianto, pois temos 100% da mina e 32% do mercado de fibrocimento (mistura de cimento, amianto, celulose e água). A demanda por fibrocimento é de 300 milhões de metros quadrados por ano. O Brasil consome 160 mil toneladas de amianto e o mundo consome dois milhões.

DINHEIRO – Como os srs. conseguiram atrair novos investidores, com a saída da Saint-Gobain do controle?
MARTINS – Fomos conversar com várias pessoas, entre elas o Guilherme Affonso
Ferreira, dono de uma das maiores fortunas do Brasil. Ele nos disse que a empresa precisava estar na vitrine e nas mãos de acionistas admirados no mercado. Por isso, listamos as ações no Novo Mercado da Bolsa e procuramos alguns dos nomes de investidores mais conhecidos, como Lírio Parisotto, Luiz Barsi e Victor Adler. Fomos a eles e apresentamos a empresa. O Lírio, por exemplo, triplicou sua posição depois de conhecer melhor a companhia. Outra iniciativa foi o programa Portas Abertas, que promove visitas às nossas fábricas. Recebemos 40 mil estudantes por ano, e olha que não fabricamos chocolate, mas fibrocimento. Só para comparar, em 2004 tínhamos 1,5 mil funcionários, cinco fábricas e faturávamos R$ 560 milhões. Atualmente temos 2,5 mil funcionários, 12 fábricas e faturamos quase R$ 1,2 bilhão.

DINHEIRO – A construção civil desacelerou. Os lançamentos residenciais, em São
Paulo, recuaram 13% no ano, segundo o Secovi. O que o sr. espera para os próximos anos?
MARTINS – A queda ocorreu nos empreendimentos voltados para a classe média. Construtoras que atendem clientes de renda mais baixa e que estão ligadas ao programa Minha Casa Minha Vida ainda conseguem vender imóveis. Não há dúvida de que há uma demanda reprimida. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), há um déficit de cinco milhões de casas para pessoas com renda de até três salários mínimos. Todo o ano, mostra a FGV, é construído um milhão de casas no Brasil. Não acredito que as construtoras produzam mais que 25% desse total. A força do setor de material de construção está no balcão das pequenas lojas. É isso que mantém as indústrias com uma produção acima dos 70% da
capacidade.

DINHEIRO – As vendas da Eternit se concentram no varejo?
MARTINS – Nosso grande público está no varejo. São pessoas que reformam a casa ou, no caso de habitações mais precárias, melhoram o barraco. Somos a primeira cobertura das casas populares, depois da lona preta. Gastando R$ 800 com material e mão de obra, é possível cobrir uma casa de 40 metros quadrados. Estimamos que existam 130 mil lojas no Brasil. Atendemos cerca de 20 mil delas diretamente e outras 20 mil por meio de grandes distribuidores. Queremos aumentar nossa exposição nos pequenos comércios, porque eles apresentam melhores margens.

DINHEIRO – Como sustentar e estabilizar o mercado de material de construção?
 MARTINS – No primeiro momento, a empregabilidade preocupa. Se o desemprego crescer, as vendas serão muito prejudicadas. A equação é simples: o demitido não consome e o empregado segura o dinheiro para dias difíceis. Outro componente é o crédito. Boa parte dos financiamentos da Caixa e do Banco do Brasil é destinada à compra de material de construção. Não vejo, por exemplo, o risco de inflação no setor de construção, pois não há falta de produtos. Hoje, o aumento de preços está nos alimentos.

DINHEIRO – O governo pode zerar as contribuições do PIS e da Cofins sobre material de construção. Quão importante essa medida é para o setor?
MARTINS – Todo incentivo do governo funciona como uma pílula. É algo pontual, que ajuda a economia no momento difícil. A medida, por si só, não traz sustentabilidade para os negócios.

DINHEIRO – A última aquisição da empresa foi a compra da Tégula, em 2010. Novas compras estão descartadas?
MARTINS – Seguramos as aquisições porque tínhamos de modernizar nosso parque industrial para produzir telhas sem amianto. Até então, preferimos começar fábricas do zero, como a que estamos fazendo no Distrito Industrial do Pecém, no Ceará. Ela deve entrar em operação em 2014, com investimento inicial previsto de R$ 97 milhões. É o projeto mais ambicioso. São 400 mil metros quadrados. A primeira planta vai produzir louças, mas queremos ser multiproduto. Dali vendemos para a África e para as regiões Norte e Sul do País, transportando por cabotagem, que é mais barato. Além disso, no Nordeste, temos incentivos federais, porto, rodovia, ferrovia e gás na porta da fábrica. Ainda bem que não fizemos aquisições, pois acredito que há um ano e meio as empresas estavam caras. Hoje, com as vendas e a produção menores, elas estão até 30 % mais baratas e ficarão mais ainda, no final do ano, quando os balanços mostrarem faturamento 10% menor que o de 2012.

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