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O falso e o verdadeiro na questão do amianto
O jornal Diário do Comércio de Minas Gerais publicou nesta sexta um artigo assinado pela presidente do IBC, Marina Júlia de Aquino. O texto, reproduzido abaixo, traz uma abordagem clara sobre questões do amianto.
O falso e o verdadeiro na questão do amianto
Em
recente entrevista a este jornal, tratando da questão do projeto de lei em
discussão na Assembléia Legislativa de Minas Gerais sobre o uso do amianto, o
presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Distribuidores de
Produtos de Fibrocimento (ABIFibro), João Carlos Duarte Paes, declarou que os
produtos feitos a partir de poli álcool vinílico (PVA) e polipropileno (PP),
são mais seguros, ecológicos e de fácil descarte.
Vamos
por partes, ao mesmo tempo buscando entender por que alguém, que há poucos anos
defendia o amianto, de uma hora para outra mudou de ideia.
Primeiro,
a questão de segurança, que, no caso, significa segurança à saúde. Como pode
uma fibra derivada do petróleo oferecer segurança, principalmente para quem
trabalha diretamente com ela? Há tempos, os trabalhadores desse setor
reivindicam a mesma fiscalização que se faz nas fábricas que usam fibras de
amianto crisotila. Porém, nenhuma providência foi jamais tomada, apesar de a
Organização Mundial de Saúde (OMS) já ter afirmado, publicamente, que as fibras
sintéticas oferecem risco indeterminado, ou seja, podem ser até piores.
Sendo
mais claros: as fibras de PVA e PP, quando analisadas, apresentaram alto nível
de biopersistência e toxicidade. O que é isso? Ao serem respiradas, essas
fibras permanecem por muito tempo no organismo humano, causando danos de
conseqüências ainda indefinidas à saúde. Ao contrário, inúmeros estudos
realizados nas fibras de amianto permitiram às autoridades estabelecer
critérios rígidos e uma lei para regular a atividade desde a mineração, o
transporte e a fabricação. Em outras palavras, não há mistérios quando se fala de
amianto crisotila.
Com
relação à questão do meio ambiente, chamar as telhas de PP e PVA de
“ecológicas” é propaganda enganosa. É o mesmo que dizer que o plástico faz bem
à natureza. Como todos sabem, um pedaço de plástico esquecido no chão demora
até 450 anos sem se decompor. Um pedaço de borracha fica por tempo
indeterminado. E de que são feitos esses produtos? A resposta, o presidente da
ABIfibro sabe muito bem, mas ele prefere usar a palavra “reciclagem” como se
fosse um passe de mágica para resolver o que fazer com esses produtos. Tenha
paciência, a natureza não faz mágica.
Quanto
à telha de amianto crisotila, ele precisava informar que sua composição reúne,
exclusivamente, cimento, calcário, celulose e o próprio amianto, todos eles cem
por cento provenientes da natureza e tratados com o cuidado que cada um exige.
É a mesma coisa, por exemplo, como trabalhar com sílica (areia, na indústria de
vidro), algodão (na indústria têxtil), serragem de madeira, o próprio cimento e
por aí vai. Todos esses materiais provocam algum tipo de problema à saúde se
manipulados de forma inadequada. Para isso é que existem os controles, e no
caso do crisotila ainda existe um acordo firmado entre trabalhadores e empresas
desde 1989 para garantir o uso seguro.
Logo,
é estranho quando uma pessoa que dedicou a maior parte de sua vida profissional
à mineradora de amianto crisotila no Brasil e foi, até meados de 2000, um dos
mais aguerridos defensores desse mineral no país e no mundo, de súbito se
transforma em empedernido propagandista das fibras sintéticas.
Em
março de 1992, como presidente da então Associação Brasileira do Amianto
(ABRA), o Sr. João Carlos comemorou a decisão do Tribunal de Apelação dos
Estados Unidos anulando uma tentativa de proibição do uso do amianto em
território norte-americano. “Todo o processo foi acompanhado por nós com grande
interesse. Temos na ABRA uma enorme bibliografia com pareceres dos mais
importantes especialistas do mundo sobre o assunto e todos demonstram que uma
proibição seria absurda”, foram estas suas palavras em declarações à imprensa
naquela ocasião. Está tudo muito bem registrado. E disse mais, reconhecendo que
o Brasil possui uma das mais avançadas legislações sobre o uso do amianto,
baseadas na Convenção 162 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que
trata do uso seguro, ratificada pelo governo e normatizada através de Portaria
do Ministério do Trabalho. Não devemos esquecer que o Sr. João Carlos chegou a
ser agraciado com o título de Cidadão de Minaçu, a cidade onde está localizada
a única mina de amianto crisotila em atividade no Brasil e terceira maior do
mundo.
O
que houve desde então para ostentar o título de presidente de uma associação
que, a julgar pelos seus registros, representa um único fabricante de telhas,
sendo essa mesma empresa a dona da indústria de fibras sintéticas, só ele pode
dizer. As declarações e ações do presidente desta associação aparentam que a
finalidade principal da associação é conseguir a proibição do amianto. Se o
produto dito “substituto” é tão bom, porque investir nessa “obsessão” para
proibir o amianto ao invés de promover o seu produto no mercado.
Por
fim, resta informar que o Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC) reúne todas
as 08 empresas de fibrocimento com amianto crisotila, todos os trabalhadores do
segmento, através de seus sindicatos e o governo (federal, estadual e
municipal), sendo, portanto, legítima porta-voz do setor e para o qual
desenvolve ações com vistas à saúde e segurança de todos envolvidos no processo
produtivo do amianto crisotila. De portas abertas para receber qualquer pessoa
que queira conhecer a atual realidade do amianto, o IBC não poupa esforços para
garantir tranquilidade ao trabalhador e suas famílias, que o digam os
trabalhadores de Pedro Leopoldo e milhares de outros em atividade na mina, em
fábricas e no comércio.
Índice
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- junho (3)
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- agosto (2)
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