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O Liberal: O que está por trás da campanha contra o amianto
O jornal paraense O Liberal publicou no início de
janeiro, em sua versão imprensa, artigo da presidente-executiva do IBC, Marina
Júlia de Aquino, esclarecendo alguns pontos sobre a polêmica que se criou
em relação ao uso do amianto no Brasil. Inclusive, identifica os personagens
que encabeçam campanha contra o mineral.
Veja abaixo o artigo na íntegra conforme
publicado.
O que está por trás da campanha
contra o amianto
Marina Júlia de Aquino
Presidente Executiva
Instituto Brasileiro do Crisotila
(IBC)
Em recente artigo publicado neste jornal, tratando do uso do
amianto na produção de telhas e caixas d’água, o presidente da Associação
Brasileira das Indústrias de Distribuidores de Produtos de Fibrocimento
(ABIFibro), João Carlos Duarte Paes, declarou que os produtos feitos a partir
de poli álcool vinílico (PVA) e polipropileno (PP), significam “um grande passo
do país em termos de sustentabilidade”. Em outras ocasiões, Paes chegou ainda a
afirmar que esses produtos são mais seguros, ecológicos e de fácil descarte.
Por respeito à população do Pará, que há décadas faz uso dos
produtos de fibrocimento com amianto, é necessário esclarecer alguns pontos da
polêmica que se formou em torno deste assunto e identificar os personagens nele
envolvidos. A começar pelo próprio presidente da ABIfibro, que até há poucos
anos era um dos maiores defensores do amianto. Durante mais de 20 anos de sua
vida profissional, funcionário da SAMA Minerações Associadas, período durante o
qual trabalhou intensamente pela defesa do uso seguro do mineral.
Como pode ele afirmar que a fibra derivada do petróleo
oferece maior segurança? Baseado em que estudo? O que se sabe, mas não se
divulga, é que em 2005 a Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou em Lyon,
na França, um Workshop para avaliar a carcinogenicidade das fibras alternativas
ao amianto crisotila e o relatório final afirma que as fibras de PP
(polipropileno), PVC (cloreto de polivinil) e PVA (álcool polivinílico), são respiráveis e altamente biopersistentes. Entretanto os dados são
escassos e seu potencial de perigo para seres humanos foi considerado indeterminado.
O mesmo documento acrescenta que “em instalações que
produzem fibras de polipropileno, foi possível verificar que há
exposição a fibras respiráveis” deste
material. Coincidentemente,
há
mais de 10 anos os trabalhadores do setor do fibrocimento pedem que as fábricas
que utilizam as fibras sintéticas adotem práticas de uso seguro e sejam
fiscalizadas com o mesmo rigor das que usam amianto crisotila. Porém, nenhuma
providência foi tomada até agora.
Com relação à questão do meio ambiente, chamar as telhas de
PP e PVA de “ecológicas” é propaganda enganosa da pior qualidade. É o mesmo que
dizer que o plástico faz bem à natureza. Como todos sabem, um pedaço de
plástico esquecido no chão demora até 450 anos sem se decompor. E de que são
feitos esses produtos? A resposta, o presidente da ABIfibro sabe muito bem, mas
ele prefere usar a palavra “reciclagem” como se fosse um passe de mágica para
resolver o que fazer com esses produtos. Tenha paciência, a natureza não faz
mágica.
Quanto à telha de amianto crisotila, sua composição reúne,
exclusivamente, cimento, calcário, celulose e o próprio amianto (menos de 10%),
todos eles provenientes da natureza e tratados com o cuidado que cada um exige.
O setor é controlado por uma lei (diga-se de passagem, uma das leis mais
rigorosas do mundo) que está em vigor há quase vinte anos, contribuindo com o
desaparecimento de doenças ocupacionais relacionadas ao uso do crisotila.
Logo, é estranho quando uma pessoa que dedicou a maior parte
de sua vida profissional à mineradora de amianto crisotila no Brasil e foi, até
meados de 2000, um dos mais aguerridos defensores desse mineral no país e no
mundo, de súbito se transforma em empedernido propagandista das fibras
sintéticas.
Em março de 1992, como presidente da então Associação
Brasileira do Amianto (ABRA), o Sr. João Carlos comemorou a decisão do Tribunal
de Apelação dos Estados Unidos anulando uma tentativa de proibição do uso do
amianto em território norte-americano com essas palavras: “Todo o processo foi
acompanhado por nós com grande interesse. Temos na ABRA uma enorme bibliografia
com pareceres dos mais importantes especialistas do mundo sobre o assunto e
todos demonstram que uma proibição seria absurda”. Tudo isso está registrado na
imprensa.
E disse mais, reconhecendo que o Brasil possui uma das mais
avançadas legislações sobre o uso do amianto, baseadas na Convenção 162 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), que trata do uso seguro, ratificada pelo
governo e normatizada através de Portaria do Ministério do Trabalho. Não
devemos esquecer que o Sr. João Carlos chegou a ser agraciado com o título de
Cidadão de Minaçu, a cidade onde morou e trabalhou por longos anos, na qual
está localizada a única mina de amianto crisotila em atividade no Brasil e
terceira maior do mundo.
O que houve desde então para ostentar o título de presidente
de uma associação (ABIFibro) que, a julgar pelos seus registros, representa um
único fabricante de telhas, sendo essa mesma empresa a dona da indústria de
fibras sintéticas, só ele pode dizer.
Por fim, resta informar que o Instituto Brasileiro do Crisotila
(IBC) reúne todas as oito empresas de fibrocimento com amianto crisotila, todos
os trabalhadores do segmento, através de seus sindicatos e o governo (federal,
estadual e municipal), sendo, portanto, legítima porta-voz do setor e para o
qual desenvolve ações com vistas à saúde e segurança de todos os envolvidos no
processo produtivo do amianto crisotila. Ao mesmo tempo, abre as suas portas para
receber qualquer pessoa que queira conhecer a atual realidade do amianto, com
clareza, objetividade e em nome da verdade.
Índice
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- julho (3)
- junho (3)
- fevereiro (2)
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