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“Sem mácula e incorruptível”
Antes do amianto sofrer na era moderna uma crise de
imagem sem precedentes na história da propaganda, a fibra mineral atravessou a
Antiguidade com a reputação de “pedra mágica”
por suas propriedades e resistência singulares.
A palavra "amianto" vem do grego Amíantos, “pedra incorruptível”, e do latim Amiantu,
“puro, sem mácula”. O amianto é um mineral natural encontrado em 2/3 da crosta
terrestre.
No Brasil, existe em abundância e com alto grau de pureza. Apenas o amianto crisotila tem o uso
regulamentado por uma rigorosa lei federal que é referência em segurança.
O amianto anfibólio foi usado em larga escala na Europa,
por décadas, sobretudo nos anos do pós-guerra e sem qualquer procedimento ou
preocupação com a segurança. Por tratar-se de uma fibra com alta concentração
de ferro e por ter estrutura rígida e pontiaguda, de difícil eliminação pelo
sistema respiratório humano, seu uso sem controle acarretou em adoecimento e
morte de trabalhadores na Europa ao longo de anos. Por isso, seu uso foi banido
em praticamente todo o mundo.
Já o crisotila, cuja utilização no Brasil, é regulada por
lei, possui silicato hidratado de magnésio em sua composição, o que resulta
numa estrutura fibrosa flexível, fina e sedosa, facilitando a sua eliminação
pelo organismo, caso seja inalado. Enquanto a fibra do amianto anfibólio pode
permanecer mais de um ano nos pulmões, a de crisotila é expelida em no máximo
2,4 dias. Ou seja, para provocar um possível dano à saúde humana seriam
necessários anos e anos de exposição do trabalhador a altas concentrações de
poeira do crisotila, sem qualquer cuidado.
Não há um único dado que assegure a existência de caso de
adoecimento registrado após os anos 80, no Brasil, quando o crisotila passou a
ser utilizado dentro de padrões mais altos de segurança
Um
pouco de história
Objetos cerâmicos reforçados com amianto foram
encontrados na Finlândia, atestando que o
homem primitivo já conhecia o amianto e havia aprendido a misturá-lo à
argila para obter panelas e outros utensílios mais duráveis e resistentes ao
fogo.
Historiadores como Plínio e Plutarco mencionavam uma
substância que não queimava e que era usada por gregos e romanos em mechas e
pavios para lamparinas.
E, por fim, Carlos Magno (768-814), governante do Império
Carolíngio, costumava surpreender seus convidados atirando ao fogo as toalhas
usadas durante os banquetes que, depois, eram recolhidas intactas.
Uso sustentável e seguro do amianto
A presidente do Instituto Brasileiro do Crisotila, Marina Júlia de Aquino, publicou artigo nesta quarta-feira (21/1) no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, no qual corrige informações distorcidas a respeito do amianto crisotila. Leia o texto abaixo:
Outro ponto importante é que não existe
capacidade para atender eventual demanda brasileira de fibras sintéticas. Um
diretor geral de empresa concorrente, que trabalha com fibras sintéticas, já
declarou publicamente – há registros na imprensa – que para disputar o mercado
de fibrocimento é preciso banir o amianto. Mas o que precisa ser banida é a
desinformação.
As empresas fabricantes de produtos de fibrocimento que trabalham com
amianto crisotila e as que extraem o mineral são vítimas de um processo de
difamação sistemática que ganhou força nos últimos anos por conta de uma guerra
comercial que não respeita qualquer limite ético. A distorção dos fatos é a
arma utilizada por concorrentes transnacionais que querem impor ao mercado
brasileiro fibras sintéticas, cujos impactos ao meio ambiente e à saúde do
trabalhador são desconhecidos.
Os exemplos desse jogo são vastos. Recentemente, artigo publicado neste
espaço tentou, contra todas as evidências científicas até hoje colhidas, fazer
a conexão entre a produção de fibras de resinas derivadas de petróleo –
Polipropileno (PP) – e ações que trazem benefícios sociais e ambientais. Seria
cômico, não fosse trágico. Reunida em um Workshop em Lion, em 2005, a OMS
concluiu que o risco à saúde humana decorrente do uso de fibras sintéticas é
indeterminado.
A
qualidade do produto sem fibras de amianto é reconhecidamente inferior e seu
custo ao consumidor bem mais elevado. Há registros de telhas de fibrocimento
com crisotila que duram 70 anos. O mesmo produto, sem amianto, frequentemente
necessita de impermeabilização e é alvo constante de recall.
Aos fatos. O amianto crisotila usado pela indústria de fibrocimento no
Brasil é um produto totalmente natural, um mineral abundante presente em 2/3 da
crosta terrestre. O Brasil tem uma rigorosa lei federal (Lei nº 9.055/95) que
define como e de que forma o amianto crisotila deve ser extraído, transportado
e industrializado. Os trabalhadores têm plena segurança de que não estão
expostos a qualquer risco.
Acordo com 113 cláusulas fechado entre empresários e trabalhadores fixa limite
de exposição 20 vezes menor do que o permitido pela legislação brasileira e dá
autonomia de organização e fiscalização do local de trabalho pelos próprios
trabalhadores. Não existe outra atividade que dê tamanho poder aos
trabalhadores. Quanto à Convenção 162 da OIT, sua simples leitura demonstra que
não impôs o banimento do amianto, já que traça diretrizes a respeito de seu uso
controlado.
As leis estaduais que proíbem a utilização do mineral são alvo de ações
no Supremo Tribunal Federal (STF), onde dois votos já foram proferidos. Em seu
voto, o ministro Marco Aurélio anotou que “se o amianto deve ser proibido em
virtude dos riscos que gera à coletividade ante o uso indevido, talvez tenhamos
de vedar, com maior razão, as facas afiadas, as armas de fogo, os veículos
automotores, tudo que, fora do uso normal, é capaz de trazer danos às pessoas”.
Sob o ponto de vista do mercado, mais da metade dos lares brasileiros
tem telhados de fibrocimento com amianto crisotila. Produtos com amianto em sua
composição estão presentes há mais de 70 anos no mercado não por acaso. O
mineral faz com que o produto final seja mais barato e mais resistente, o que o
torna acessível à população de baixa renda.
De guardião a vilão: a história do amianto no imaginário popular
Em um longo artigo publicado na edição
de julho de 1997 da revista Scientific
American, os professores James E. Alleman e Brooke T. Mossman sintetizaram
da seguinte forma a contradição que cerca a figura do amianto: “De fato, um
pungente paradoxo que envolve a história do amianto é sua imagem original como
guardião da segurança dos seres humanos”.
Os pesquisadores, dois dos maiores
especialistas do mundo no assunto, qualificaram ainda o drama da crise de
imagem do amianto como “ironia crucial”, ao reconhecerem que, não fosse um
material de qualidades tão impressionantes, dificilmente a fibra passaria por
um calvário de tamanha proporção junto à opinião pública e o imaginário
popular.
Não é para menos. O amianto, durante
muito tempo, esteve presente em cremes dentais, toalhas de mesa, cortinas e
trajes isolantes. Era usado também como filtro em sistemas de ventilação em
hospitais e em máscaras militares de gás. Freios, sapatos, revestimentos de
embreagem e equipamentos de segurança em carros de corrida e ônibus escolares
foram outros itens, entre tantos outros, que tiveram amianto em sua composição,
reforçando seu caráter como elemento de proteção ao trabalho do homem, na
indústria e no dia a dia.
O
professor Alleman, cuja área de expertise também abrange a história do uso
dessa fibra de origem mineral pela espécie humana, lembra que as primeiras
referências ao amianto podem ser rastreadas até alguns filósofos da
Antiguidade. O primeiro entre eles é Teofastro, discípulo de Aristóteles. A ele
os estudiosos reputam a provável primeira citação ao amianto, no trabalho “Sobre as pedras”, escrito há cerca de
300 a.C.. O pensador fez referência a uma substância desconhecida que lembrava
a consistência da madeira podre, podendo ser embebida em óleo e queimada sem
sofrer qualquer dano aparente.
Ainda
na Antiguidade, as referências ao mineral e sua fibra incluem o geógrafo grego
Strabo, também conhecido como Estrabão, de quem o nome originou o termo
estrabismo, porque esta era a palavra utilizada pelos romanos para se referirem
àqueles com deformações nos olhos. Strabo identificou a primeira pedreira de
amianto, localizada na ilha de Euboea, na Grécia, de onde as fibras retiradas
entre os sulcos das rochas eram trabalhadas para serem transformadas em tecidos
resistentes ao fogo.
A
primeira aparição do vocábulo “amianto” ocorreria ainda no século primeiro, na
obra De Materia Medica, do autor
greco-romano Dioscórides, fundador de um dos mais antigos ramos da
farmacologia. Dioscórides usou o termo amiantos, significando, justa e
ironicamente, “sem mácula”. Os especialistas discorrem, porém, que a acepção
moderna da palavra pode ser rastreada até a obra História Natural, do naturalista romano Caio Plínio II, conhecido
como Plínio, o Velho, que se referia
a asbestinon, com o sentido de
“inextinguível”. Caio Plínio registrou que o amianto era usado por
seus contemporâneos para a manufatura de uma série de produtos têxteis, de
toalhas laváveis e guardanapos a também mortalhas usadas em funerais de
monarcas e nobres. Neste caso, os corpos eram desintegrados pelo calor enquanto
as mortalhas permaneciam íntegras sem sofrer danos.
Cabelo de salamandra
A
trajetória da imagem do amianto no mundo das ideias migrou, durante um período
superior a 2000 anos, da figura de mineral mágico para a de substância venenosa
e, deste modo, para um agente de contaminação e doença. O status extremamente
negativo que a fibra ganhou na modernidade é, de certo modo, o contraponto à
sua mística como pedra de propriedades espetaculares e agente de proteção do
homem. “Em algum ponto da linha, o fato de que o amianto foi um dia uma pedra
acabou esquecido”, destacaram ainda Alleman e Mossman em seu artigo.
A
fantasia sobre a origem do amianto e suas qualidades incríveis se popularizam
entre os alquimistas medievais. A lenda era que as fibras de amianto cresciam
como cabelos em salamandras, tornando assim o réptil mítico resistente ao fogo.
Alguns alquimistas chamavam até mesmo a pedra em que a fibra é comum de
“salamandra”. A iconografia de obras alquímicas
é rica em gravuras de uma salamandra indestrutível, cercada por chamas. Durante
parte da Idade Média, a origem do amianto era, assim, não atribuída à rocha,
mas também a plumas encontradas em lagartos e a penas de aves.
O
amianto voltaria ao campo da razão por volta do século 16. O navegador Marco
Polo, ao visitar uma mina de extração de amianto na China, em funcionamento
desde o final do século 13, foi um dos primeiros a reafirmar que sua origem
era, sim, mineral, em contraponto à mitologia. Ainda no século 16, o fundador
da mineralogia, George Agricola, ajudou a consolidar o conhecimento científico
sobre o amianto em sua obra Manual de
Mineralogia.
No
decorrer dos séculos 17 e 18, diversos estudos científicos surgiram sobre o
amianto ao passo que a abrangência de sua aplicação comercial também aumentava.
Benjamin Franklin, um dos fundadores dos EUA, ainda como jovem inventor,
carregava uma bolsa costurada com fibras amianto, com o fim de evitar que
algumas das substâncias ou objetos que trazia com ele viessem a abrir um buraco
na bolsa.
Na
década de 1820, o cientista italiano Giovanni Aldini foi o primeiro a explorar
o produto com amplo sucesso comercial. Aldini criou uma linha de trajes feitos
com fibra de amianto para serem usados por bombeiros. Na mesma época, surgiram
também as cortinas projetadas para a área do proscênio em teatros, o espaço que
separa o palco da plateia. Cortinas feitas com amianto foram responsáveis por
reduzir os acidentes em ambientes fechados e lotados durante apresentações
teatrais, impedindo que o fogo se alastrasse e salvando vidas.
Antes
que o amianto chegasse, de vez, ao ramo da construção civil, foram os navios a
vapor que potencializaram, como nunca antes, seu usoem larga escala na
indústria. Misturada com borracha, a fibra se mostrou perfeita para a
utilização em componentes e na estrutura interna das embarcações. Em meados da
década de 1860, uma época em que os incêndios em edifícios de apartamento eram
tragicamente frequentes nos grandes centros urbanos dos EUA, o construtor Henry
Ward Johns, de Nova York, desenvolveu o primeiro material anti-inflamável para
revestimento de telhados. Este foi o ponto de partida para que o amianto se
tornasse um produto fundamental na indústria da construção civil.
Reserva estratégica
No fim
dos anos 1930, a imagem pública do amianto vivia o auge de sua glória. Em 1939,
por exemplo, durante a Feira Mundial de Nova York, o amianto foi saudado pelos
exibidores e público como “um mineral a serviço da humanidade”. Um gigante
feito todo de amianto, o “asbestos-man”,
dava boas-vindas aos visitantes, ao passo que os frequentadores eram
didaticamente informados sobre as propriedades incríveis da fibra. Às vésperas
da II Guerra Mundial, a demanda por amianto já ameaçava ultrapassar a produção
global, levando países a se preocupar em formar reservas do mineral.
Em
1947, a popularidade do mineral chegava até mesmo aos quadrinhos, o super-herói
Tocha Humana passou a enfrentar uma nova vilã, a Madame Amianto (Lady Asbestos, no original). Vestindo um
traje de amianto, a vilã era, de tal forma, imune às chamas do herói, um
androide que tinha a capacidade de incendiar-se. Apesar de constituir um
elemento do vilão, a imagem do amianto nos quadrinhos estava ali pelo valor de
“resistência contra o fogo” e não ainda pelo seu caráter negativo. Embora já
houvesse a preocupação com casos de adoecimento decorrentes do uso em massa e
sem controle do amianto anfibólio, a imagem do mineral ainda não havia sido
totalmente afetada.
Já nas
primeiras décadas do século começaram a surgir conclusões que apontavam como
causa das doenças o uso sem qualquer precaução do amianto de tipo anfibólio.
Nos anos 1930, o Reino Unido já possuía legislação voltada para o uso do
amianto em fábricas têxteis, mas inexistiam padrões de segurança realmente
efetivos para o uso industrial do amianto anfibólio.
A
preocupação com a saúde em larga escala começou a tomar corpo na década de
1960, quando governos de diversos países industrializados começaram a formular
leis de controle para o uso do amianto anfibólio. Nesta época, o anfibólio já
era apontado como causa dos sucessivos casos de adoecimento e morte.
Entretanto, o crescente número de vítimas e a pressão de entidades e sindicatos
levaram os países a adotar legislações de controle também para todas as classes
de amianto.
A despeito
do banimento em alguns países, o mineral ainda ocupa um papel central nas
atividades econômicas das sociedades. Nos Estados Unidos, o uso do amianto é
central para a indústria aeroespacial, sendo amplamente usado no revestimento
de foguetes. No âmbito doméstico, pelo menos 75 % do cloro incluído na fórmula
de marcas de água sanitária e desinfetantes é produzido, naquele país, a partir
de processos químicos que dependem do uso do amianto.
Os professores
Alleman e Mossman sintetizam deste modo a questão da mudança da percepção
pública em relação ao mineral ao passo que sua importância estratégica
permanece: “Gerações passadas podem ter considerado o amianto como um recurso
inestimável, mas a atual preocupação com os riscos que acarreta para a saúde
humana obscurecem essa memória. Sugerir que o amianto possa ter qualidades
redentoras soa como irresponsável. Qualificar o mineral como um commodity vital
do ponto de vista da estratégia global soa ridículo. E ainda assim este é
exatamente o caso. O tipo de amianto conhecido como crisotila (de fibra mais
flexível e menos perigoso que os anfibólios), por exemplo, permanece como um
mineral essencial para uma série de tecnologias cruciais, com o governo dos Estados
Unidos abrigando estoques do mineral até hoje”, escreveram.
Deste
modo, escapa à opinião pública o fato de que os esforços para o banimento do
amianto não trarão qualquer benefício prático em termos de segurança e saúde
para a população, já que os casos de adoecimento e morte foram praticamente erradicados
depois que o uso controlado do crisotila passou a ser regulado em todo o mundo.
Nas palavras dos autores do artigo publicado há duas décadas, trata-se do círculo
completo da “ironia original” envolvendo o amianto. Desta vez, apontam, algo que parecia tão
maligno, no fim, não é, de fato, assim essencialmente maligno.
--------
Norma melhora instalação de telhas de fibrocimento
Leia os principais pontos da entrevista
concedida pelo engenheiro Rosário
Carvalho Jaques, coordenador de atendimento aos clientes da Multilit, publicada originalmente pelo site Massa Cinzenta.
Desde
11 de dezembro de 2014 está em vigor a versão revisada da ABNT NBR 7196 – Folha
de Telha Ondulada de Fibrocimento – Procedimento. Ela estabelece requisitos
para projetos e execuções de coberturas e fechamentos laterais com telhas de
quatro, cinco, seis e oito milímetros de espessura e perfis estruturais. A
normativa teve seu processo de revisão a cargo do Comitê Brasileiro de Cimento,
Concreto e Agregados.
O
engenheiro Rosário Carvalho Jaques,
coordenador de atendimento aos clientes da Multilit, fez parte da comissão que
revisou a norma. Destacam-se na nova ABNT NBR 7196 as figuras para facilitar a
instalação de parafusos, ganchos e pinos que fixam as telhas de fibrocimento. O
novo texto também aborda aspectos de segurança e de manutenção dos
equipamentos.
Confira entrevista que explica o que mudou na
norma técnica:
Desde 11 de dezembro de 2014, a versão
revisada da ABNT NBR 7196 – Folha de Telha Ondulada de Fibrocimento –
Procedimento – está em vigor. O que mudou na norma e qual o impacto dela no
mercado?
Na
realidade, não houve mudança estrutural da norma. Ocorreu mais um acréscimo de
informação de figuras, para que a norma fosse mais bem interpretada. Com
relação às informações técnicas, agregou pouca coisa. A base dela continua a
mesma.
A norma revisada se dedica bastante à
instalação. Por quê?
Ela se
dedica à instalação para que os projetos possam seguir as diretrizes que a
norma determina.
Quanto ao armazenamento das telhas em fibrocimento,
a norma revisada destaca o que neste assunto?
A
revisão deixou a critério das empresas esse procedimento, mas ele deverá
constar em catálogo. A orientação é que o armazenamento das telhas de cimento
no sentido horizontal não ultrapasse a quantidade de 100 a 150 telhas. A
Multilit, em particular, orienta que o armazenamento horizontal das telhas de
cinco e seis milímetros seja no máximo de 100 unidades. Na vertical, com 15
graus de inclinação, no máximo 300 unidades. Para telhas com quatro milímetros
de espessura podem ser empilhadas no máximo 200 unidades.
A norma revisada aborda o processo
construtivo das telhas de fibrocimento?
Ela
aborda como instalar a telha e como manter um melhor aproveitamento do projeto,
a fim de obter uma eficiente estanqueidade do telhado. Seguindo a norma, é
possível conseguir um ótimo custo-benefício na cobertura do telhado.
Hoje há quanto fabricantes de telhas de
fibrocimento no país?
São 16
fabricantes, segundo o Instituto Brasileiro do Crisotila. Aí, se inclui a
Multilit. No entanto, há no mercado nove marcas de telhas.
Há algum item mais polêmico na revisão da
norma?
Um dos
itens bastante discutidos foi com relação ao apoio das telhas. Sempre houve
necessidade de ter os três apoios nas telhas com medidas a partir de 2,13
metros. Na revisão da norma, houve quem defendesse três apoios a partir de
telhas com 1,83 metros de comprimento. Mas prevaleceu o que já existia, ou
seja, manter os três apoios a partir das telhas com 2,13 metros.
Por quanto tempo a norma ficou em processo de
revisão?
A
revisão se estendeu por volta de 16 meses, sem contar o período de consulta
pública, que durou mais quatro meses. O importante é que foram agregadas
informações, tornando-a mais acessível a quem for utilizá-la. Antes, ela estava
com uma linguagem muito técnica.
As telhas de fibrocimento ainda são bem
consumidas no mercado da construção civil?
O
consumo é bem significativo. Ela é uma telha mais barata e oferece economia na
estrutura do telhado. Ao utilizar telhas de fibrocimento, a estrutura não tem
necessidade de ser muito robusta, além de não absorver calor. Bem diferente do
que ocorre quando são usadas telhas cerâmicas ou telhas de concreto.
A questão do amianto ainda afeta o mercado de
telhas de fibrocimento?
Algumas
instituições comentam a respeito do amianto e isso faz com que o consumidor
fique confuso, vamos dizer assim. Na realidade, existe falta de informação. Com
base em pesquisas, entendemos que o amianto, da forma como ele é utilizado na
telha, não causa nenhum dano. O produto é amalgamado na telha e não tem como se
soltar. O consumidor não possui esta informação.
Para fabricar uma telha de fibrocimento
quanto vai de cimento?
Em
média, o cimento compõe 90% de uma telha de fibrocimento. O restante são as
outras misturas, os aditivos, as fibras e o filler, que é um material que a
gente normalmente reutiliza.
Uso sustentável e seguro do amianto crisotila é realidade
O artigo abaixo, da presidente do Instituto Brasileiro do Crisotila, Marina Júlia de Aquino, foi publicado nesta quinta-feira (8/1) no jornal Brasil Econômico.
As empresas fabricantes de produtos de fibrocimento que trabalham com
amianto crisotila e as que extraem o mineral são vítimas de um processo de
difamação sistemática que ganhou força nos últimos anos por conta de uma guerra
comercial que não respeita qualquer limite ético. A distorção dos fatos é a
arma utilizada por concorrentes transnacionais que querem impor ao mercado
brasileiro fibras sintéticas, cujos impactos ao meio ambiente e à saúde do
trabalhador são desconhecidos.
Os exemplos desse jogo são vastos. Recentemente, artigo publicado no
jornal Brasil Econômico tentou, contra todas as evidências científicas até hoje
colhidas, fazer a conexão entre a produção de fibras de resinas derivadas de
petróleo – Polipropileno (PP) – e ações que trazem benefícios sociais e
ambientais. Seria cômico, não fosse trágico. Reunida em um Workshop em Lion, em
2005, a OMS concluiu que o risco à saúde humana decorrente do uso de fibras
sintéticas é indeterminado.
A
qualidade do produto sem fibras de amianto é reconhecidamente inferior e seu
custo ao consumidor bem mais elevado. Há registros de telhas de fibrocimento
com crisotila que duram 70 anos. O mesmo produto, sem amianto, frequentemente
necessita de impermeabilização e é alvo constante de recall.
Aos fatos. O amianto crisotila usado pela indústria de fibrocimento no
Brasil é um produto totalmente natural, um mineral abundante presente em 2/3 da
crosta terrestre. O Brasil tem uma rigorosa lei federal (Lei nº 9.055/95) que
define como e de que forma o amianto crisotila deve ser extraído, transportado
e industrializado. Os trabalhadores têm plena segurança de que não estão
expostos a qualquer risco.
Acordo com 113 cláusulas fechado entre empresários e trabalhadores fixa limite
de exposição 20 vezes menor do que o permitido pela legislação brasileira e dá
autonomia de organização e fiscalização do local de trabalho pelos próprios
trabalhadores. Não existe outra atividade que dê tamanho poder aos
trabalhadores. Quanto à Convenção 162 da OIT, sua simples leitura demonstra que
não impôs o banimento do amianto, já que traça diretrizes a respeito de seu uso
controlado.
As leis estaduais que proíbem a utilização do mineral são alvo de ações
no Supremo Tribunal Federal (STF), onde dois votos já foram proferidos. Em seu
voto, o ministro Marco Aurélio anotou que “se o amianto deve ser proibido em
virtude dos riscos que gera à coletividade ante o uso indevido, talvez tenhamos
de vedar, com maior razão, as facas afiadas, as armas de fogo, os veículos
automotores, tudo que, fora do uso normal, é capaz de trazer danos às pessoas”.
Sob o ponto de vista do mercado, mais da metade dos lares brasileiros
tem telhados de fibrocimento com amianto crisotila. Produtos com amianto em sua
composição estão presentes há mais de 70 anos no mercado não por acaso. O
mineral faz com que o produto final seja mais barato e mais resistente, o que o
torna acessível à população de baixa renda.
Outro
ponto importante é que não existe capacidade para atender eventual demanda
brasileira de fibras sintéticas. Um diretor geral de empresa concorrente, que
trabalha com fibras sintéticas, já declarou publicamente – há registros na
imprensa – que para disputar o mercado de fibrocimento é preciso banir o
amianto. Mas o que precisa ser banida é a desinformação.
Fogão a lenha e peixe salgado, quem diria...
O uso seguro e a exploração controlada do amianto crisotila é
realidade há décadas. Trabalhadores não adoecem mais por trabalharem nas minas
e nas fábricas que exploram o mineral. É muito comum afirmar a Organização
Mundial de Saúde (OMS) incluiu o amianto numa lista de produtos cancerígenos.
Quem faz isso age de má fé ou ignora de qual lista está se falando. A OMS não
hierarquiza substâncias que, dependendo do grau de exposição a elas, podem
causar câncer em humanos.
Ao contrário, as coloca, todas, no Grupo 1, que congrega 109 substâncias (atualização em 31/3/2014) com riscos à saúde humana, dentre as quais as bebidas alcoólicas (alcoholic beverages, Group 1 voluma 44, 96, 100E), o uso de fogão a lenha no interior de domicílios (coal, indoor emissions from household combustion of Group 1, volume 95, 100E year 2012), peixe salgado (o popular e saboroso bacalhau), os anticoncepcionais e outros.
Já com relação às fibras artificiais, conhecidas pelas siglas PP e PVA, não se pode dizer o mesmo. Sendo derivadas de petróleo e de poluentes, a OMS anteviu os riscos indeterminados que elas representam à saúde humana enquanto estudos mais aprofundados são realizados.
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