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Mais uma empresa processa advogados acusados de forjar ações contra o amianto
Mais uma empresa, nos Estados Unidos, resolveu processar
escritórios de advocacia acusados de fraudes para ganhar indenizações
decorrentes de casos de contaminação por amianto. A John
Crane Inc., fabricante de origem inglesa de juntas industriais, com
presença em vários países, pediu à Justiça Federal americana, para entrar como
parte no processo que julga se a Garlock, líder global de produtos de proteção
e vedação contra fluídos no setor industrial, sofreu extorsão de duas bancas de
advocacia.
O caso começou depois que documentos obtidos durante o
processo de concordata da Garlock Sealing Technologies trouxeram evidências de
que a empresa fora vítima de manipulação de dados feita por um escritório de
advocacia de Dallas, Texas, o Simon,
Greenstone, Panatier & Bartlett Trial Lawyers, e por outra banca, a Shein Law Center, Ltd. ,
Filadélfia, Pensilvânia.
Ambas as firmas se especializaram em ganhar dinheiro com processos
milionários envolvendo casos de contaminação por amianto. Nos EUA, esse tipo de
advocacia é chamada de “mesothelioma law”, e, cada vez mais, aparecem denúncias
que questionam a credibilidade da atuação desses escritórios e desse ramo de
advocacia.
Assim, uma segunda empresa norte-americana se juntou à briga, pedindo formalmente à Justiça a autorização para que possa também processar o escritório texano e o da Filadélfia no mesmo processo. A John Crane alega que foi vítima das mesmas táticas fraudulentas utilizadas pelos escritório, para hiperdimensionar a responsabilidade da empresa em casos de ocorrência de mesotelioma em antigos funcionários.
Em fevereiro de 2014, o juiz federal que julgava a concordata
da Garlock autorizou a divulgação de documentos que demonstravam que provas de ocorrência
de exposição ao amianto haviam sido manipuladas pelos escritórios em quinze
ações de indenização movidas contra a Garlock.
Os advogados responsáveis por moverem as ações contra a
Garlock acobertaram evidências de que seus clientes, pacientes vítimas de
mesotelioma, teriam sido expostos ao amianto anfibólio presente em estruturas de
isolamento térmico e em caldeiras de aquecimento, com a finalidade de convencer
a Justiçade que seus clientes teriam contraído a doença em ambiente de trabalho.
Como se não bastasse, após ganharem as ações por
contaminação com amianto, os escritórios aguardavam o processo de concordata
avançar, para só então mover novas ações, alegando contaminação também por
outros produtos.
Publicado em 22 fevereiro | 2016
TRT de Santa Catarina anula decisão contra comerciante que vende telhas de fibrocimento com amianto
Não cabe exigir do comerciante que vende telhas de
fibrocimento com amianto que se adéque a normas de segurança que são próprias
do ambiente de mineração e industrialização da fibra mineral. Tal imposição ignora
a ausência total de risco para o comerciante e o consumidor da telha de
fibrocimento, além de constranger a livre-iniciativa e prejudicar a todos: trabalhadores, empreendedores e consumidores.
Com esse entendimento, a 2ª Turma do Tribunal
Regional do Trabalho da 12ª Região (Santa Catarina) anulou a sentença
proferida pela Vara do Trabalho de Fraiburgo, município do meio-oeste
catarinense, contra a loja Dal Mas &
Amaral Materiais de Construção, de Lebon Régis, cidade também localizada na
região.
Em julho, a Justiça do Trabalho havia acolhido a
ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho contra a
empresa. Mais uma vez, ignorando completamente os fatos sobre a cadeia
produtiva do amianto crisotila no Brasil e a realidade de comerciantes que
trabalham com telhas de fibrocimento, a ação do MPT exigia que a empresa se
adequasse a normas criadas para a indústria mineral.
Em julgamento ocorrido na quarta-feira (27/01), os desembargadores
da 2ª Turma do TRT-12 decidiram, por
dois votos a um, anular a sentença proferida pela Vara do Trabalho que obrigava
a loja a adequar-se ao Anexo 12 da Norma Regulamentadora (NR) 15, do Ministério
do Trabalho. A norma define o limite de tolerância para fibras respiráveis de
asbesto crisotila em 2 fibras por centímetro cúbico (f/cm³).
Não só a indústria fixou o limite de fibra em suspensão no ar no
percentual de 0,1 f/m³, o que é vinte vezes inferior ao exigido por lei, como no
ambiente de comercialização não há qualquer risco. Isto porque, ao ser integrado à composição do fibrocimento, o
amianto perde sua propriedade de ser inalável.
Ou seja, o amianto crisotila deixa de existir como fibra
inalável e se transforma em outra substância, pois o mineral permanece ligado
às duas outras matérias-primas que compõem o fibrocimento – o cimento e a
celulose –, como se encapsuladas.
Ignorando fatos científicos e fechando os olhos para a
realidade de que não existem casos de contaminação em ambiente de venda de
telhas de fibrocimento, o Ministério Público do Trabalho insiste em constranger
comerciantes, interferindo em um mercado que é referência em qualidade e
segurança, além de exemplo de respeito ao trabalhador na
mineração e na indústria.
Diversas ações têm sido ajuizadas no estado de
Santa Catarina com o mesmo objetivo, prejudicando estabelecimentos, sob a falsa
afirmação de que trabalhadores e consumidores estão em risco. Com a decisão, a 2ª
Turma do TRT garantiu o direito de a loja de materiais de construção produzir
prova pericial judicial para demonstrar que os produtos industrializados
contendo amianto não liberam fibras respiráveis desse mineral em quantidade
superior ao limite de tolerância de 2 f/cm³,
como previsto no Anexo 12 da NR 15.
O IBC
manifesta satisfação pelo fato de a Justiça do Trabalho decidir com
responsabilidade, não permitindo que um assunto tão importante seja tomado por
afirmações sem base e acusações irresponsáveis.
“É uma decisão importante porque traz racionalidade
ao debate sobre o amianto. A segurança de trabalhadores e consumidores é um
assunto muito sério. E precisamos colocar as informações na mesa. Não há espaço
mais para afirmações sem comprovação e acusações irresponsáveis”, comentou a
presidente do IBC, Marina Júlia de
Aquino.
Publicado em 4 fevereiro | 2016
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